quarta-feira, 24 de abril de 2019

Como Podemos Trabalhar a Matemática com Crianças Pequenas?

Na verdade, na maioria das vezes a aprendizagem da matemática não é o primeiro objetivo que está inerente a determinada atividade. Desta forma, a matemática acaba por ser uma das linguagens que pode ajudar a criança a envolver-se no processo de ensino e aprendizagem. 

Por exemplo, quando um bebé explora livremente objetos, aprende que o objeto cai, que alguns são mais pesados que outros e até têm diferentes formas e tamanhos, ele a partir dessa exploração vai compreendendo processos de comparação, medição e representação espacial.

Nesta linha de pensamento, é importante reforçar a ideia que quando os bebés nascem entram em contacto com um mundo o qual não conhecem e, por isso, a vontade e curiosidade de o conhecer vai sendo cada vez maior. Em contexto escolar, as dinâmicas educativas – rotina, espaço, interações e materiais-, são essenciais na vida da criança porque são elas que dão a estabilidade necessária para um desenvolvimento harmonioso, holístico e seguro.

Na sala de atividades, a exploração do espaço está intimamente relacionado com a aprendizagem da matemática e com o desenvolvimento da motricidade (fina e grossa). É, primeiramente, importante que a criança explore o espaço que ocupa, experimentando perspetivas no espaço e capacidades motoras para depois se especificar numa exploração mais minuciosa.

Desta forma, é visível nesta faixa etária as crianças interessarem-se por “encher e esvaziar objetos, encher um copo com água; encher ou esvaziar um contentor de areia, rolhas, pedrinhas tirar para fora e voltar a pôr, tirar os brinquedos da estante ou do armário; tira os brinquedos de dentro do cilindro, caixa ou cesto desmontar algo e voltar a montá-lo abre livros e portas; tira a tampa das caixas; tira uma peça de roupa e tenta vesti-la outra vez” (Post & Hohmann, 2011, p. 50).

Aos poucos, as crianças pequenas, vão assim, através destas ações, adquirindo as habilidades necessárias para, futuramente, aprender matemática.

No currículo do berçário e da creche, a metedologia High-Scoope, através das experiências-chave, são um excelente elemento orientador para a construção de bases matemáticas. Elas estão relacionadas com a dimensão de quantidade e número em que as crianças se envolvem enquanto funcionam com diversos materais, experimentando, assim, várias situações: “o experimentar “mais” onde, por exemplo, a criança manipula um objeto e a seguir um outro de um conjunto de objetos, ou ainda, quando pede “mais” de alguma coisa (cereais, leite, etc.); a correspondência de um-para-um onde, por exemplo, a criança tenta pôr um chapéu, ou uma meia em cada pé, ou ainda, põe um boneco dentro de cada carrinho” (Post & Hohmann, 2011, p. 48).

De forma a concluir, é importante ainda mencionar o papel dos educadores e professores ao longo deste processo. É da responsabilidade dos docentes promoveram experiências de aprendizagem cada vez mais desafiadoras para que se construam novos conhecimentos, contemplando sempre nas suas ações o conceito de diferenciação pedagógica.




Educadora Mariana Espinheira Rio, Salas Jean Piaget e Lev Vygotsky

Brincando com a Matemática desde a Creche

A melhor forma de despertar o gosto pela Matemática desde os primeiros anos de vida é a brincar! 

“A brincar?”, dizem vocês! Sim, é através do jogo lúdico que as crianças descobrem coisas iguais e diferentes, organizam, classificam e criam conjuntos, estabelecem relações, observam os tamanhos das coisas, brincam com as formas, ocupam um espaço e assim vivem e descobrem a Matemática. Uma criança aprende muito de Matemática sem que o adulto precise ensiná-la, pois a Matemática está presente na arte, na música, em histórias, na forma como organizamos o pensamento, nas brincadeiras e nos jogos infantis. Contudo, o adulto deve impulsionar este conhecimento, promovendo experiências e disponibilizando tipos de materiais que possibilitem às crianças tais descobertas.

É importante para um educador perceber que pode trabalhar a Matemática, principalmente em idades mais precoces, sem se preocupar tanto com a representação dos números ou com o registro no papel e que pode colocar em contacto com a Matemática crianças de todas as idades, desde bebês.

Podemos pensar a Matemática a partir de uma proposta não-escolarizante, que permita à criança criar, explorar e inventar seu próprio modo de expressão e de relação com o mundo. Tudo o que temos de fazer é criar condições para que a Matemática seja descoberta, oferecer estímulo e estar atentos às descobertas das crianças.  

O trabalho de Matemática na infância deve, dessa forma, garantir que as crianças façam mais do que recitar números e decorar os nomes de figuras geométricas. É preciso que possam, partindo dos conhecimentos prévios de cada uma, avançar nos seus conhecimentos mediante situações significativas de aprendizagem. Várias são as possibilidades para que isso ocorra: as situações de jogos; as resoluções de problemas; atividades lógicas, etc.

O que vai garantir uma aprendizagem consistente é que a criança possa ser a protagonista desse processo, ou seja, um ser ativo que procura respostas a questões verdadeiras e instigantes. Sem nunca esquecer o papel fundamental do adulto/educador, enquanto promotor e mediador da aprendizagem, pois possui o papel de acompanhar as atividades, ensinando e promovendo oportunidades em que a criança possa desenvolver-se mais e de uma forma adequada à sua idade e grau de desenvolvimento.




Educadora Sandra Moreira, Sala Loris Malaguzzi

terça-feira, 23 de abril de 2019

As Cores e as Formas Geométricas

Desde muito pequenos estamos inseridos num mundo onde a Matemática está, naturalmente, muito presente no nosso quotidiano, sem por vezes nos apercebermos. O mesmo acontece ao longo do dia-a-dia na Sala Ovide Decroly, em que as crianças demonstram curiosidade por tudo ao seu redor, tendo a oportunidade de experienciar e vivenciar diversas experiências matemáticas de forma muito natural como o próprio brincar, as rotinas, a gestão temporal, as regras, os jogos...

Como refere Zatz Halaban (2006), brincar é essencial para a criança, que aprende a interagir com o mundo incentivando a lógica, a capacidade de estratégia, a tomada de atitudes, o desenvolvimento do raciocínio, da concentração, da imaginação promovendo a autonomia de pensamento. Neste sentido, o jogo e o brincar detém de um papel primordial na nossa sala, para que as crianças se apropriem de forma natural e progressiva de conceitos matemáticos, construindo de forma ativa e participativa o seu próprio conhecimento.

A título de exemplo, as crianças da Sala Ovide Decroly têm vindo explorar e a descobrir a existência de diferentes formas geométricas através de jogos que implicam observação e manipulação de objetos com essas mesmas diversas formas. De forma lúdica, prazerosa e interessante estão a aprender a discriminar, a diferenciar e a identificar o quadrado, o círculo e o triângulo. Existe assim, uma construção contínua de conhecimentos com base no experimentar e na resolução das dificuldades que vão acontecendo ao longo do jogo, favorecendo o desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático e do pensamento. À medida que as crianças brincam de forma ativa e divertida, vão experienciando opções, observando diferenças e semelhanças, apercebendo-se de algumas propriedades, adequando estratégias através da tentativa-erro acabando por, naturalmente começar a distinguir as características das formas geométricas nomeando-as e diferenciando-as corretamente. O papel do educador neste processo de aprendizagem é de mediador e facilitador levando o aluno aprender a aprender.



Esta aprendizagem ativa e participada detém de um papel fulcral em idades precoces favorecendo futuras aprendizagens. A brincar, aprendemos Matemática!


Educadora Susana Bessa, Sala Ovide Decroly

quarta-feira, 17 de abril de 2019

A Importância dos Jogos e das Brincadeiras na Construção do Conhecimento Lógico-Matemático

A construção do conhecimento lógico-matemático pode e deve ser iniciada bem cedo.

Ao longo da educação, todas as crianças devem ter oportunidade de viver vários tipos de experiências de aprendizagens. É preciso que os educadores e encarregados de educação sejam capazes de motivar a aprendizagem da Matemática, criar condições para a resolução de problemas para o desenvolvimento do pensamento.

A criança tem de aprender a pensar para atingir o resultado. Primeiro pensar no problema para depois o compreender, utilizando várias representações, para permitir que a criança construa o seu próprio conhecimento.

Acredita-se que a criança constrói o conhecimento matemático pela necessidade de resolver os seus problemas.

A Matemática na infância é parte do universo cultural da criança que deve ser apreendida espontaneamente. É necessário que a criança seja submetida a situações de análise e sintaxe para construir significados que lhe possibilitem o acesso a novos conhecimentos.

É muito importante que a criança manipule os objetos para desenvolver o seu conhecimento espacial, lógico-matemático e físico. Através do lúdico as crianças podem desenvolver algumas capacidades tais como a atenção, a memória, a imaginação, a concentração, a conservação, a seriação, a reversibilidade, a análise e síntese, a interpretação, a argumentação e a organização.

O conhecimento matemático deve ser construído à base de exploração, curiosidade e orientado pelo educador com busca em interesses.

A criança ao brincar, fazendo construções com legos, blocos, ou outros materiais quer estruturados ou não, vai aprendendo a diferenciar, comparar, explorar, distinguir, representar e classificar. E ao mesmo tempo está a aprender conceitos e a desenvolver capacidades.

Segundo Piaget (1971), o desenvolvimento mental da criança antes dos seis anos de idade pode ser sensivelmente estimulado através de jogos e brincadeiras. As crianças que praticam capacidades físicas, aprendem a interagir com outras crianças, assim como constroem novos conhecimentos e crescem cognitivamente.

No seu desenvolvimento a criança vai adquirindo relações com os objetos e coordena-os da forma mais complexa. A importância do lúdico no desenvolvimento infantil é fazer com que as crianças gostem da Matemática, despertando-lhes interesses, e que o jogo seja um processo de aprendizagem.

Os jogos são muito importantes, enriquecem e estimulam a criatividade, a experiência sensorial, a imaginação e cativam a criança para a aprendizagem da Matemática. É essencial dar-lhes a capacidade de criar e é um bom potencial no desenvolvimento do raciocínio-lógico.

As crianças da Sala Jerome Bruner recentemente começaram a despertar um grande interesse pelo jogo da Glória. Trata-se de um jogo tradicional em que se avança guiado pelos dados, pela simples sorte ou azar. O caminho está repleto de avanços e recuos e tudo pode acontecer até que um vencedor chegue à casa da Glória. É um jogo ideal para desenvolver o raciocínio lógico-matemático.



O grupo tem demonstrado muito entusiasmo na utilização do jogo e grandes melhoramentos no desenvolvimento da aprendizagem do número e cálculo através da sua manipulação e da experimentação deste jogo didático.

Saliento que este jogo constitui uma experiência positiva com as crianças, pois através do mesmo podem trabalhar regras e simultaneamente desenvolver competências matemáticas.

O grupo decidiu construir um jogo da Glória para a sala, o interesse surgiu quando uma menina do grupo apresentou aos colegas o jogo que tinha construído em casa com os pais. Um dos objetivos pretendidos é que a criança descubra, explore, tenha oportunidade de inventar as regras e que construa o seu próprio jogo da Glória.


Educadora Joana Patrício, Sala Jerome Bruner

terça-feira, 16 de abril de 2019

Às Voltas com a Matemática

A Matemática está presente no nosso dia a dia desde o nascimento, tudo gira em volta de números, cores, figuras geométricas e medidas.

A brincar, as crianças têm contacto com a Matemática de forma inconsciente, distinguem o pesado do leve, medem distâncias, desenvolvem conceitos espaciais como em cima e em baixo, fora e dentro, à frente e atrás. A Matemática está presente em todas as atividades diárias, e desta forma ela deve ser ensinada como instrumento para interpretação das coisas que rodeiam as nossas vidas, tornando as crianças capazes de resolver problemas, criativas e responsáveis, e não apenas desenvolver a capacidade de memorização, alienação e exclusão.

As crianças quando estão a distribuir os materiais pelos colegas, estão a trabalhar matemática fazendo a seriação dos materiais. Quando ajudam os adultos a colocar a mesa fazem a contagem das crianças do grupo e fazem a relação dos talheres e guardanapos necessários para o número de crianças. Em todos os momentos do dia a Matemática assume um lugar de destaque, mesmo que não seja planificado em atividades matemáticas ela apresenta-se nas nossas vidas de forma constante, sem que seja rigorosamente registada em papel e a representação dos números, aprender números não é de todo apenas aprender a quantificar objetos, não desvalorizando a sua importância.

Os educadores devem desafiar as crianças para resolver problemas, promover a autonomia e independência, criatividade, e a verbalização e cada uma no seu tempo vai conhecer o mundo dos números e do raciocínio-lógico. As crianças que exercitam a mente sendo expostas a pensar, raciocinar, esperar pela sua vez, trocar ideias, presistirem até perceberem algo, serão capazes de mais tarde no seu precurso académico aprender e interpretar matemática.

Estimular o raciocínio-lógico matemático é estimular o desenvolvimento mental, é saber pensar. Na sala, o educador deve propiciar um ambiente matemático, com exporação de ideias matemáticas, sejam elas numéricas, geométricas, medidas, noções espaciais, de uma forma que as crianças entendam a matemática como algo que faz parte das suas vidas.




Educadora Carolina Lopes, Sala Célestin Freinet

O Problema com a Matemática não são as Crianças, mas a Forma como é Ensinada

Geralmente assume-se a Matemática como sendo um “problema” por incluir alguns conceitos à partida complicados e mais abstratos, que podem colocar em causa a prontidão para este tipo de atividades (diga-se, matemáticas). Ora, no colégio a tendência é apresentar estes CONCEITOS como parte integrante do dia a dia, como parte da rotina, em brincadeiras e outras situações lúdicas. Assim, surgiu o nosso PROBLEMA: “Quantos trabalhos tivemos de arrumar esta semana?”. Como não sabíamos, fomos procurar uma forma de compreender ao certo. Então, realizamos uma contagem inicial. Selecionamos um “escrivão” e registamos a frequência de trabalhos por criança. Depois em grande grupo, “colorimos” a informação e cada criança com peças de LEGO registou o número de trabalhos dessa semana. Nesta experiência aplicamos as seguintes noções: número, contagem, frequência, quantidade, tamanho (sem termos necessariamente de os verbalizar).



Educadora Florbela Rios, Sala Friedrich Froebel

quarta-feira, 3 de abril de 2019

A Matemática na Sala da Creche

Que a Matemática está presente no nosso dia a dia, nas mais diversas atividades, toda a gente concorda, mas em que medida está presente numa sala de Creche, onde as crianças são tão pequenas?

Pois bem, na Sala Maria Montessori, a Matemática faz parte do quotidiano e em diferentes momentos, como por exemplo, na rotina de arrumar a sala, onde as crianças agrupam os objetos de acordo com um critério previamente estabelecido (a caixa das bolas, a caixa dos legos, a caixa dos carrinhos e a caixa das bonecas), reconhecendo as semelhanças e diferenças que permitem distinguir o que pertence a um ou a outro conjunto.


Ou nos momentos de transição, onde com um jogo em grande grupo, cada criança coloca as suas tampinhas no círculo da mesma cor. Fazendo, assim, a correspondência de um para um, tendo em consideração o atributo” cor”.


Brincar com a Matemática é divertido e começa desde bem pequenino!

Educadora Maria João Paiva, Sala Maria Montessori