As birras começam a ser frequentes nesta
faixa etária, pois são vistas pelas crianças como uma forma de se imporem e às
suas vontades, assim como de obterem o que desejam. Quem nunca passou por uma
situação constrangedora que nos deixa perto de um ataque de nervos?
A solução para que as crianças cresçam bem e
em harmonia é simples, basta apenas amor e limites. O amor é fundamental para
que cresçam com confiança e autoestima, e por sua vez os limites são cruciais
na aprendizagem do autocontrolo, essencial para a vivência em sociedade.
Tendo estes dois pilares por base, em caso de
birra o essencial é tentar manter a calma, por muito difícil que por vezes
possa ser, não se esqueça que as crianças imitam comportamentos, quer sejam
positivos ou negativos. Tente evitar o uso da força física uma vez que pode
criar mais raiva e frustração, além disso, as birras podem ter subjacentes
outros cenários como o cansaço, fome ou stress, o que significa que o mais
importante naquele momento é recuperar a estabilidade.
É importante conversar com as crianças sobre
aquilo que se passou, o que estava certo e o que estava errado, porque é que
não pode voltar a acontecer, as consequências de uma futura birra e as consequências
do bom comportamento. A autodisciplina é ensinar a criança a controlar,
positivamente, as situações em que se encontra. Uma vez conquistada, as birras
desaparecem, quase como por magia.
Contudo existem birras persistentes, sendo,
por vezes, necessário ”ignorá-las”, não respondendo à criança, não a olhando,
não acusando o seu comportamento de forma alguma. Nas primeiras birras, esta
atitude pode não resultar em pleno, aumentando até a sua intensidade (para
chamar a sua atenção) mas, se o fizer regularmente, as birras vão acabar,
porque a criança vai perceber que não estão a surtir efeito.
Se a birra ocorrer em casa ou noutro espaço
familiar, experimente deixar a criança sozinha durante alguns minutos ou
segundos, pois funciona muito bem, uma vez que não tendo “audiência” a criança
vai acabar por se acalmar mais rapidamente. No entanto, e para se salvaguardar
de uma possível parte dois, só a deixe voltar quando estiver tranquila e em
silêncio pelo menos durante 30 segundos seguidos.
As birras são inevitáveis. O segredo está na
gestão das mesmas.
Educadoras Maria João Paiva e Joana Patrício,
Salas Loris Malaguzzi e Ovide Decroly