“Logo desde os primeiros movimentos
do bebé no ventre da mãe os pais pensam: «Esta vai ser a minha nova vida. É meu
dever dever fazer tudo para que este bebé cresça e se desenvolva. O meu dever –
parte dessa responsabilidade – é alimentá-lo bem.» Este papel pode começar a
ser uma preocupação mesmo antes do nascimento do bebé.”
(T. Berry
Brazelton & Joshua D. Sparrow)
A criança e a disciplina mais um livro da coleção Método Brazelton, do
pediatra norte-americano T. Berry Brazelton em co-autoria com o
pedopsiquiatra Joshua Sparrow. Tal como o livro apresentado no artigo anterior,
este permite aos pais conhecerem situações bem características relativamente à
alimentação, e à forma como este processo se desenrola ao longo do desenvolvimento
da criança.
A criança e a alimentação, é o tema escolhido para este mês, precisamente
porque à semelhança do anterior, bastantes pais têm colocado questões relativas
a este processo.
Comecemos por uma preocupação habitual: a recusa da comida.
Esta pode ocorrer por vários dias ou aparecendo de vez em quando, a criança vai
recusado alimentos específicos, sempre os mesmos ou outros. Por vezes a recusa
para comer surge associada a vómitos, comportamentos que naturalmente perturbam
os pais.
Os hábitos alimentares dos pais servem de modelo aos filhos.
Pelo que aproveitando as suas próprias escolhas alimentares, podem preparar as
dos filhos. Mas apesar de decidirem que alimentos servem aos filhos a
dificuldade surge porque não os podem obrigar a comer, é uma opção da criança.
Apesar da recusa em comer poder ter como origem uma
resistência da criança para com a pressão exercida pelos pais para que coma,
existem outras causas possíveis: por vezes hipersensibilidade a sabores ou
texturas, problemas de deglutição, problemas digestivos... por vezes as
crianças podem revoltar-se contra a insistência dos pais para que comam,
maioritariamente feita de forma inconsciente.
Aos dois / três anos, as crianças demonstram grande
resistência, o que implica paciência e tolerância por parte dos pais. Mas pelos
quatro anos, a criança começa a ser capaz de imitar o comportamento à mesa e os
hábitos alimentares, pelo que estas “crises” irão desaparecendo.
Todo este processo tem um forte aliado quando as refeições
se tornam um “tempo de família”. Para as crianças pequenas as rotinas
são estabilizadoras, pelo que iniciar e terminar o dia com uma refeição em
família, só trará vantagens. Especialmente num contexto social como o nosso, em
que as crianças passam mais tempo nas creches do que com os pais, que por seu
turno passam a maior parte do dia a trabalhar, prolongando por vezes as horas
de trabalho quando chegam a casa. Assim, um pequeno almoço ou pelo menos o
jantar devem fazê-lo em família.
Estar com a criança ao pequeno almoço se lhe for possível,
será importante porque ajuda-a a preparar-se para a “separação” ao longo do
dia.
Ao jantar aproveitem para conversar, ajudando a criança a
desenvolver competências sociais, transformando a refeição num momento
agradável de partilha de experiências.
Quanto aos alimentos, é altura de estabelecer regras claras,
a refeição é igual para todos. Assim não deverá existir uma refeição
especialmente preparada para a criança a partir do momento que esta pode fazer
uma dieta alimentar normal: introdução dos sólidos. É claro que estas estarão
sujeitas aos devidos ajustes: em primeiro lugar relativamente aos alimentos não
autorizados pelo pediatra, seguida dos complementos mais fortes como molhos de
natas, béchamel, mostarda, maionese...
Tal como em outros aspetos, também na alimentação as
crianças pequenas aprendem como devem comportar-se à mesa através da imitação
de adultos e crianças mais velhas. Deverá ser adotada desde cedo uma postura
correta por parte do adulto, consciente de que estará a modelar o comportamento
da criança. Mas só pelos quatro/ cinco anos é que esta estará preparada para
reproduzir corretamente esse modelo, o uso dos talheres, do guardanapo, bem
como o uso regular de expressões como “por favor” e “obrigada/o”.
Assim, em crianças pequenas reforce oralmente este tipo de
expressões, mas não espere que uma criança de dois anos a utilize. No entanto,
aos três anos poderá tentar utilizá-las, bem como os talheres, e quanto a estes
podem surgir tentativas para irritar os pais deixando-os cair ao chão. Seja
muito paciente!
Aos quatro / cinco anos, consciente do seu próprio
comportamento à mesa, a criança valoriza o impacto deste e a aprovação dos
outros é importante. E pelos seis anos já podemos esperar da criança um correto
comportamento à mesa. Mas apesar disto, a repetição e paciência dos pais
continuarão a ser imprescindíveis!
Nesta página da internet poderá encontrar este livro do
Método Brazelton:
Educadora Ana Rita Maia