"Aprender a ler, a
escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo,
compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa
relação dinâmica que vincula linguagem e realidade."
FREIRE (1976, p. 21)
As investigações já realizadas sobre o tema das relações
entre consciência fonológica e aquisição da linguagem escrita evidenciaram a
importância dessa questão e suas implicações educacionais. Com efeito, é
durante os anos pré-escolares e início da escolarização que as crianças
aprendem a ler e escrever e desenvolvem a capacidade de prestar atenção à fala
analisando-a em seus diversos segmentos, a saber, fonemas, sílabas e palavras.
A controvérsia entre os resultados das pesquisas parece
dever-se, sobretudo, à complexidade do conceito de consciência fonológica, o
qual abrange habilidades que vão desde a simples perceção global do tamanho das
palavras e/ou de semelhanças fonológicas entre elas, até a efetiva segmentação
e manipulação de sílabas e fonemas.
Na verdade, o desenvolvimento da consciência fonológica
parece estar relacionado ao próprio desenvolvimento simbólico da criança, no
sentido dela vir a atentar para o aspeto sonoro das palavras (significante) em
detrimento do seu aspeto semântico (significado).
Com efeito, alguns estudos têm demonstrado que há um longo
caminho a percorrer até que a criança perceba que a escrita não representa
diretamente os significados, mas sim os significantes verbais a eles
associados. E mesmo quando ela descobre essa relação entre escrita e fala,
ainda há todo um processo de elaboração cognitiva no sentido de compreender
como se dá essa relação, a saber, através da correspondência entre grafemas e
fonemas.
Assim sendo, o processo da tomada de consciência fonológica
da criança passa por três fases:
1 - Consciência lexical, ou das palavras no contexto;
2 - Consciência silábica, em que a reflexão se centra nas sílabas;
3 - Consciência fonética, que implica a discriminação e manipulação de fonemas.
Trabalho muito na minha prática de
iniciação à leitura e à escrita atividades de leitura de histórias,
poemas, adivinhas, rodas de conversa sobre temas que as crianças gostam. Faço
registo das conversas, temos na sala uma oficina de escrita, um dicionário de
imagens, etc.
Para que as minhas crianças se desenvolvam
cada vez melhor nesta área, deixo um exemplo de uma atividade realizada sobre a
consciência lexical.
ATIVIDADE: “Contar Palavras”
SITUAÇÃO
DE APRENDIZAGEM: Atividade coletiva para realizar com todas as crianças.
DESENVOLVIMENTO: Construir um
quadro e colar as palavras escritas em cartolinas de várias cores, de forma a
construir uma frase. Depois distribuir a cada criança uma tira de cartolina com
várias quadrículas ou casinhas, com linhas. A criança inventará uma frase com
tantas palavras quantas as linhas ou cruzes tiver a sua tira de cartolina.
Educadora Renata Espinheira Rio
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