O
lúdico poderá ser um marco importante no desenvolvimento social, pessoal e
cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e
construção do pensamento.
O jogo educativo e a sua conduta
O
papel do jogo no desenvolvimento integral de cada criança é um tema de extrema
importância.
Segundo
SPODEK (2002; pp:225) o jogo é um conceito quase sagrado para os educadores de
infância. Assim sendo, o brincar e o jogar tornam-se fundamentais para a saúde
física, emocional, e, sempre estiveram presentes nos tempos mais remotos, tal
como refere HUIZINGA (1967; pp:43) filósofo da história: “o jogo é uma
categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio
(HOMO SAPIENS) e a fabricação de objetos (HOMO FABER), então a denominação HOMO
LUDENS, quer dizer que o elemento lúdico está na base do surgimento e
desenvolvimento da civilização.”
Segundo
MEDEIROS, (1960; pp:31) existem outras formas de recreação originadas em contos
regionais que são encontradas entre as crianças de muitos países, servindo-se
das relações para melhor compreensão das relações humanas em geral e da cultura
do passado. Deste modo, o jogo nas suas diversas formas é um instrumento
fundamental no processo ensino-aprendizagem, pois desenvolve na criança a
linguagem (desenvolvimento cognitivo), o raciocínio, a socialização, a
criatividade, a imaginação (desenvolvimento da motricidade) fazendo desta um
cidadão ativo.
Segundo
PIAGET (1967) citado por KISHIMOTO (1994; pp: 4): “o jogo não pode ser visto
apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele
favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Deste modo, é
somente sendo criativo que a criança descobre “seu” próprio “eu” (TEZANI, 2004,
citado em http://www.profala.com/arteducesp140.htm).
JULIANA
TAVARES MAURÍCIO (Psicóloga pelo Centro Universitário de João Pessoa) afirma
que o jogo ocupa um lugar de extraordinária importância na educação escolar.
Deste modo, é possível constatar que este mecanismo lúdico estimula o
crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, a iniciativa
individual, favorecendo o progresso da palavra.
A
utilização de brinquedos, jogos e brincadeiras no dia-a-dia da criança
influencia positivamente a prática pedagógica planeada pelo educador. Através
do jogo a criança: liberta e canaliza as suas energias; tem o poder de
transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberação da fantasia;
é uma grande fonte de prazer. O jogo é, por excelência, integrador, há sempre
um carácter de novidade, o que é fundamental para despertar o interesse da
criança, e à medida que joga ela vai conhecendo melhor, construindo
interiormente o seu mundo. Esta atividade é um dos meios propícios à construção
do conhecimento.
O Brincar (orientado) e
a sua conduta
A
palavra brincar pode ser considerada, um verbo, um adjetivo. O jogo é um objeto
para brincar; é algo que realizamos de forma divertida. Este método abrange em
Brincar Currículo de matérias Aprendizagem Currículo global para a criança
pequena si uma variedade de comportamentos, motivações e habilidades. Tal como
PELLEGRINI (1987, p.201), citado por Moyles Janet et al. em A excelência do
brincar; 2006:14:
“Os
comportamentos de brincar de uma criança podem ser categorizados segundo o
número de critérios satisfeitos. Como resultado, o brincar pode ser
categorizado como “mais ou menos brincar” e não, dicotomicamente, como “brincar
ou não brincar”… Colocando de modo simples, os atos não devem ser categorizados
como “brincar” ou “não brincar”; eles devem ser avaliados ao longo de um
contínuo que vai do “puro brincar” até o “não brincar”.
Há
certamente conceções erradas sobre o brincar em contexto educativo, isto porque
muitas vezes é considerado como uma atividade recreacional, sem fundamento. O
brincar é mais do que um passatempo. É algo que: “Ajuda no desenvolvimento das
crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo” (MALUF,
2003 citado em http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=132).”
Os
educadores deverão realçar que as crianças se sentem capazes de aprender por
meio de brincar.
Depois
de ter observado, em situações de estágio, o brincar durante algum tempo,
reconheço que o brincar é facilitador de aprendizagens para as crianças
pequenas. O brincar, segundo MOYLES JANET et al. em A excelência do brincar
(2003: p.15): “garante a progressão, diferenciação relevância do currículo”:
A
minúcia do brincar (orientado) De acordo com vários autores o brincar gera e
estimula a elevação dos padrões na educação infantil e na educação posterior. A
qualidade do brincar permite mais oportunidades de criatividade. O brincar por
meio de jogos tem diferentes dificuldades, visto que incorpora jogos sociais,
experiências vividas pelas crianças, jogos numéricos, etc.
Segundo
KOHL (1997, p. 78) citado por Moyles Janet et al. em A excelência do brincar et
al. (2006:16), os jogos para as crianças proporcionam:
Figura
1. Um modelo simples do currículo dos primeiros anos. MOYLES,J. ET AL. – “A
excelência do Brincar”; 2006, pp:15 “Ocasiões para repetição e, portanto,
permitem que a criança domine certas habilidades académicas em um ambiente onde
a aprendizagem é combinada com o brincar”.
Vários
autores certificam que os maiores atributos do brincar são as oportunidades que
possibilita a aprendizagem com o viver e com o não saber, pois todos nós
aprendemos por tentativa e erro.
HOLT
(1991) citado por MOYLES JANET ET AL. em A excelência do brincar (2006:16)
afirma que: “O brincar é uma maneira não ameaçadora de manejarmos novas
aprendizagens mantendo, ao mesmo tempo, nossa auto – estima e auto - imagem”. O
envolvimento profundo por parte da criança deve ser estimulado pelos adultos,
para que realmente o brincar possa ser desafiador e para que contribua para o
processo de desenvolvimento integral da criança.
A conduta do “brincar”
(orientado)
O
comportamento do brincar é uma forma de dar oportunidade à criança de adquirir
habilidades desenvolvimentais ao nível social, intelectual, criativo e físico.
A maioria das formas do brincar ocorre naturalmente entre crianças de idades
semelhantes, mas também pode promover o relacionamento entre a criança e o
adulto se este último se envolver no brincar da criança.
Grande
parte do brincar é social. O brincar sócio dramático envolve coordenação de atividades
entre grupos. Pode favorecer a linguagem e o desempenho de papéis, enquanto o
brincar construtivo incentiva o desenvolvimento cognitivo.
Por
fim, grande parte do brincar é essencialmente físico, isto porque o brincar construtivo
é uma forma de praticar habilidades motoras finas. O brincar físico envolve a
musculatura e o brincar turbulento exercita todo o corpo e a coordenação
motora.
O brinquedo, a
brincadeira (orientada) e as suas condutas
“Brinquedo
será entendido sempre como objeto, suporte de brincadeira; brincadeira como a
descrição de uma conduta estruturada com regras e jogo infantil para designar
tanto o objeto como as regras de jogo da criança”. (KISHIMOTO; 1994; pp:7)
O
brinquedo poderá ter uma dimensão cultural, material e técnica. Sendo um objeto
é sempre visto como algo utilizado para brincar.
Os
brinquedos muitas vezes são trazidos de geração para geração e conseguem encher
os corações tanto de crianças como de adultos. Este objeto proporciona à
criança a possibilidade de se desenvolver. Utilizando o brinquedo a criança
desenvolve várias habilidades (concentração, autonomia, etc.).
Segundo
KISHIMOTO (1999; pp:37) o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos
remete-nos para a relevância deste instrumento para situações de ensino –
aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Deste modo, o brinquedo merece
algumas considerações no que diz respeito à função lúdica e educativa: o
brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido
voluntariamente (função lúdica); o brinquedo ensina qualquer coisa que completa
o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo (função educativa).
Diferindo
do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma
indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que
organizam a sua utilização.
HELEN
B. SCHWARTZMAN (1978; pp: 4-5) defende que: “A brincadeira não é trabalho, não
é real, não é séria, não é produtiva, e assim por diante (…) [Mas] o trabalho
pode ser lúdico, enquanto a brincadeira, por vezes, pode ser sentida como
trabalho e, da mesma forma, durante uma brincadeira, podem-se criar mundos que são
muitas vezes mais reais, sérios e produtivos que a dita vida real.” (citado por
SPODEK em ensinar crianças dos três aos oito anos; 1998 pp:210)
A
criança diverte-se através da brincadeira ao longo de toda a sua infância, ou
seja, esta é uma atividade natural da mesma. Tal como refere HELEN B.
SCHWARTZMAN, na citação acima referida, a brincadeira não necessita de ser
planeada, tratando-se assim de um comportamento espontâneo.
Do
ponto de vista da criança, a brincadeira não tem regras devidamente fincadas.
Estas são criadas pela criança à medida que a brincadeira vai surgindo. A
criança durante a brincadeira impõe os seus próprios objetivos para a tarefa
que está a desempenhar e faz com que estes sejam facilmente atingíveis pela
mesma.
A importância do jogo,
do brincar (orientado), do brinquedo e da brincadeira (orientada) nas
aprendizagens conseguidas pelas crianças
Segundo
ALMEIDA, citado por JULIANA TAVARES MAURÍCIO em http://www.profala.com/arteducesp140.htm,
o lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer
"jogo”. Esta origem passou a ser reconhecida como traço essencial do
comportamento humano.
Segundo
PIAGET, o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa
brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo. O
brinquedo é utilizado como um suporte para o jogo e este deve ser utilizado com
imaginação, pois é através da imaginação que a criança consegue vivenciar
situações reais.
MOYLES,
JANET et al. (2006; pp:183) afirma que: “O brincar não é apenas uma maneira de
introduzir ideias simples. As crianças estabelecerão desafios mais difíceis
para si mesmas se dermos a elas o controle de sua aprendizagem em vez de
deixá-lo nas mãos dos adultos”.
Neste
sentido, TEIXEIRA (1995), citado em http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm,
refere que os educadores muitas vezes recorrem às atividades lúdicas como
estratégias de ensino aprendizagem valorizando assim o lúdico como um referencial
para a motivação das crianças. O ser humano apresenta uma tendência lúdica logo
as atividades lúdicas surgem como um impacto natural na criança. O lúdico
consiste em dois elementos que o definem como prazer e o esforço espontâneo. O
lúdico é considerado como prazeroso dado a capacidade que tem de absorver a
criança de forma total e intensa. Sendo assim, o facto de a criança se envolver
emocionalmente faz com que ela se envolva com um forte nível motivacional,
tornado esta motivação de interesse intrínseco. De modo que quando as crianças
estão presentes nas situações lúdicas estas desenvolvem esquemas mentais, ativando
assim as funções psico-neurológicas e as operações mentais promovendo o
pensamento.
“Em
geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas
lúdico é este: desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção de provocar
aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e
principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória, ou
seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa
específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos
fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões”. (NUNES,
consultado em http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm).
Educadora Sara Paiva, Sala Loris Malaguzzi