terça-feira, 22 de março de 2016

Parentalidade Positiva

Crescer é uma tarefa complicada, tanto para os filhos como para os pais. Há birras que não se conseguem controlar, fraldas que nunca mais acabam, horas intermináveis sem dormir, mais tarde a preocupação com as notas e o mau comportamento. Preocupações? É natural que assim seja. Sem saber o que fazer? Os filhos não vêm com manual de instruções, mas com dedicação tudo se ultrapassa!
 
Em seguida, apresento uma série de dicas para dar resposta aos desafios mais frequentes.

 

 
Educadora Renata Espinheira Rio, Sala Maria Montessori

segunda-feira, 21 de março de 2016

"Aprender sobre Joan Miró"

Na Sala Jerome Bruner, o grupo de crianças dos 4 anos desenvolveu um projeto relacionado com a vida e a obra de JOAN MIRÓ. O ponto de partida foi precisamente um livro que uma das crianças trouxe para a sala, intitulado “ARTE PARA CRIANÇAS”.

Ficámos a saber que os trabalhos deste artista refletem um mundo de figuras imaginárias e brincalhonas em tudo semelhantes aos primeiros desenhos de uma criança. Os temas principais dos seus quadros estão vinculados a um desenho mágico em que o que nos rodeia se transforma em signo: mulher, pássaro, estrela, sol, lua,…
É a criança que aflora nesta obra, a criança grande que cada um tem dentro, e a sua interpretação obriga-nos a deixar de lado as comparações adultas e recuperar essa espontaneidade da infância.
 

Mas como um dos objetivos também era criar atividades que se traduzam em múltiplas interpretações de valor estético e pedagógico, exploramos outras técnicas de aplicação baseadas neste artista e que proporcionou trabalhar a obra de arte em si mesma como um grande recurso pedagógico.  
 
Educadora Sandra Moreira, Sala Jerome Bruner

sexta-feira, 18 de março de 2016

A Importância do Brincar

O lúdico poderá ser um marco importante no desenvolvimento social, pessoal e cultural, facilitando no processo de socialização, comunicação, expressão e construção do pensamento.

O jogo educativo e a sua conduta

O papel do jogo no desenvolvimento integral de cada criança é um tema de extrema importância.

Segundo SPODEK (2002; pp:225) o jogo é um conceito quase sagrado para os educadores de infância. Assim sendo, o brincar e o jogar tornam-se fundamentais para a saúde física, emocional, e, sempre estiveram presentes nos tempos mais remotos, tal como refere HUIZINGA (1967; pp:43) filósofo da história: “o jogo é uma categoria absolutamente primária da vida, tão essencial quando o raciocínio (HOMO SAPIENS) e a fabricação de objetos (HOMO FABER), então a denominação HOMO LUDENS, quer dizer que o elemento lúdico está na base do surgimento e desenvolvimento da civilização.”

Segundo MEDEIROS, (1960; pp:31) existem outras formas de recreação originadas em contos regionais que são encontradas entre as crianças de muitos países, servindo-se das relações para melhor compreensão das relações humanas em geral e da cultura do passado. Deste modo, o jogo nas suas diversas formas é um instrumento fundamental no processo ensino-aprendizagem, pois desenvolve na criança a linguagem (desenvolvimento cognitivo), o raciocínio, a socialização, a criatividade, a imaginação (desenvolvimento da motricidade) fazendo desta um cidadão ativo.

Segundo PIAGET (1967) citado por KISHIMOTO (1994; pp: 4): “o jogo não pode ser visto apenas como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo e moral”. Deste modo, é somente sendo criativo que a criança descobre “seu” próprio “eu” (TEZANI, 2004, citado em http://www.profala.com/arteducesp140.htm).

JULIANA TAVARES MAURÍCIO (Psicóloga pelo Centro Universitário de João Pessoa) afirma que o jogo ocupa um lugar de extraordinária importância na educação escolar. Deste modo, é possível constatar que este mecanismo lúdico estimula o crescimento e o desenvolvimento, a coordenação muscular, a iniciativa individual, favorecendo o progresso da palavra.

A utilização de brinquedos, jogos e brincadeiras no dia-a-dia da criança influencia positivamente a prática pedagógica planeada pelo educador. Através do jogo a criança: liberta e canaliza as suas energias; tem o poder de transformar uma realidade difícil; propicia condições de liberação da fantasia; é uma grande fonte de prazer. O jogo é, por excelência, integrador, há sempre um carácter de novidade, o que é fundamental para despertar o interesse da criança, e à medida que joga ela vai conhecendo melhor, construindo interiormente o seu mundo. Esta atividade é um dos meios propícios à construção do conhecimento.

 
O Brincar (orientado) e a sua conduta

A palavra brincar pode ser considerada, um verbo, um adjetivo. O jogo é um objeto para brincar; é algo que realizamos de forma divertida. Este método abrange em Brincar Currículo de matérias Aprendizagem Currículo global para a criança pequena si uma variedade de comportamentos, motivações e habilidades. Tal como PELLEGRINI (1987, p.201), citado por Moyles Janet et al. em A excelência do brincar; 2006:14:

“Os comportamentos de brincar de uma criança podem ser categorizados segundo o número de critérios satisfeitos. Como resultado, o brincar pode ser categorizado como “mais ou menos brincar” e não, dicotomicamente, como “brincar ou não brincar”… Colocando de modo simples, os atos não devem ser categorizados como “brincar” ou “não brincar”; eles devem ser avaliados ao longo de um contínuo que vai do “puro brincar” até o “não brincar”.

Há certamente conceções erradas sobre o brincar em contexto educativo, isto porque muitas vezes é considerado como uma atividade recreacional, sem fundamento. O brincar é mais do que um passatempo. É algo que: “Ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo” (MALUF, 2003 citado em http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=132).”

Os educadores deverão realçar que as crianças se sentem capazes de aprender por meio de brincar.

Depois de ter observado, em situações de estágio, o brincar durante algum tempo, reconheço que o brincar é facilitador de aprendizagens para as crianças pequenas. O brincar, segundo MOYLES JANET et al. em A excelência do brincar (2003: p.15): “garante a progressão, diferenciação relevância do currículo”:

A minúcia do brincar (orientado) De acordo com vários autores o brincar gera e estimula a elevação dos padrões na educação infantil e na educação posterior. A qualidade do brincar permite mais oportunidades de criatividade. O brincar por meio de jogos tem diferentes dificuldades, visto que incorpora jogos sociais, experiências vividas pelas crianças, jogos numéricos, etc.

Segundo KOHL (1997, p. 78) citado por Moyles Janet et al. em A excelência do brincar et al. (2006:16), os jogos para as crianças proporcionam:

Figura 1. Um modelo simples do currículo dos primeiros anos. MOYLES,J. ET AL. – “A excelência do Brincar”; 2006, pp:15 “Ocasiões para repetição e, portanto, permitem que a criança domine certas habilidades académicas em um ambiente onde a aprendizagem é combinada com o brincar”.

Vários autores certificam que os maiores atributos do brincar são as oportunidades que possibilita a aprendizagem com o viver e com o não saber, pois todos nós aprendemos por tentativa e erro.

HOLT (1991) citado por MOYLES JANET ET AL. em A excelência do brincar (2006:16) afirma que: “O brincar é uma maneira não ameaçadora de manejarmos novas aprendizagens mantendo, ao mesmo tempo, nossa auto – estima e auto - imagem”. O envolvimento profundo por parte da criança deve ser estimulado pelos adultos, para que realmente o brincar possa ser desafiador e para que contribua para o processo de desenvolvimento integral da criança.

A conduta do “brincar” (orientado)

O comportamento do brincar é uma forma de dar oportunidade à criança de adquirir habilidades desenvolvimentais ao nível social, intelectual, criativo e físico. A maioria das formas do brincar ocorre naturalmente entre crianças de idades semelhantes, mas também pode promover o relacionamento entre a criança e o adulto se este último se envolver no brincar da criança.

Grande parte do brincar é social. O brincar sócio dramático envolve coordenação de atividades entre grupos. Pode favorecer a linguagem e o desempenho de papéis, enquanto o brincar construtivo incentiva o desenvolvimento cognitivo.

Por fim, grande parte do brincar é essencialmente físico, isto porque o brincar construtivo é uma forma de praticar habilidades motoras finas. O brincar físico envolve a musculatura e o brincar turbulento exercita todo o corpo e a coordenação motora.

O brinquedo, a brincadeira (orientada) e as suas condutas

“Brinquedo será entendido sempre como objeto, suporte de brincadeira; brincadeira como a descrição de uma conduta estruturada com regras e jogo infantil para designar tanto o objeto como as regras de jogo da criança”. (KISHIMOTO; 1994; pp:7)

O brinquedo poderá ter uma dimensão cultural, material e técnica. Sendo um objeto é sempre visto como algo utilizado para brincar.

Os brinquedos muitas vezes são trazidos de geração para geração e conseguem encher os corações tanto de crianças como de adultos. Este objeto proporciona à criança a possibilidade de se desenvolver. Utilizando o brinquedo a criança desenvolve várias habilidades (concentração, autonomia, etc.).

Segundo KISHIMOTO (1999; pp:37) o uso do brinquedo/jogo educativo com fins pedagógicos remete-nos para a relevância deste instrumento para situações de ensino – aprendizagem e de desenvolvimento infantil. Deste modo, o brinquedo merece algumas considerações no que diz respeito à função lúdica e educativa: o brinquedo propicia diversão, prazer e até desprazer, quando escolhido voluntariamente (função lúdica); o brinquedo ensina qualquer coisa que completa o indivíduo em seu saber, seus conhecimentos e sua apreensão do mundo (função educativa).

Diferindo do jogo, o brinquedo supõe uma relação íntima com a criança e uma indeterminação quanto ao uso, ou seja, a ausência de um sistema de regras que organizam a sua utilização.

HELEN B. SCHWARTZMAN (1978; pp: 4-5) defende que: “A brincadeira não é trabalho, não é real, não é séria, não é produtiva, e assim por diante (…) [Mas] o trabalho pode ser lúdico, enquanto a brincadeira, por vezes, pode ser sentida como trabalho e, da mesma forma, durante uma brincadeira, podem-se criar mundos que são muitas vezes mais reais, sérios e produtivos que a dita vida real.” (citado por SPODEK em ensinar crianças dos três aos oito anos; 1998 pp:210)

A criança diverte-se através da brincadeira ao longo de toda a sua infância, ou seja, esta é uma atividade natural da mesma. Tal como refere HELEN B. SCHWARTZMAN, na citação acima referida, a brincadeira não necessita de ser planeada, tratando-se assim de um comportamento espontâneo.

Do ponto de vista da criança, a brincadeira não tem regras devidamente fincadas. Estas são criadas pela criança à medida que a brincadeira vai surgindo. A criança durante a brincadeira impõe os seus próprios objetivos para a tarefa que está a desempenhar e faz com que estes sejam facilmente atingíveis pela mesma.

Segundo MALUF (2003): “A brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo.” (consultado em http://www.psicopedagogia.com.br/opiniao/opiniao.asp?entrID=132).

A importância do jogo, do brincar (orientado), do brinquedo e da brincadeira (orientada) nas aprendizagens conseguidas pelas crianças

Segundo ALMEIDA, citado por JULIANA TAVARES MAURÍCIO em http://www.profala.com/arteducesp140.htm, o lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo”. Esta origem passou a ser reconhecida como traço essencial do comportamento humano.

Segundo PIAGET, o desenvolvimento da criança acontece através do lúdico. Ela precisa brincar para crescer, precisa do jogo como forma de equilibração com o mundo. O brinquedo é utilizado como um suporte para o jogo e este deve ser utilizado com imaginação, pois é através da imaginação que a criança consegue vivenciar situações reais.

MOYLES, JANET et al. (2006; pp:183) afirma que: “O brincar não é apenas uma maneira de introduzir ideias simples. As crianças estabelecerão desafios mais difíceis para si mesmas se dermos a elas o controle de sua aprendizagem em vez de deixá-lo nas mãos dos adultos”.

Neste sentido, TEIXEIRA (1995), citado em http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm, refere que os educadores muitas vezes recorrem às atividades lúdicas como estratégias de ensino aprendizagem valorizando assim o lúdico como um referencial para a motivação das crianças. O ser humano apresenta uma tendência lúdica logo as atividades lúdicas surgem como um impacto natural na criança. O lúdico consiste em dois elementos que o definem como prazer e o esforço espontâneo. O lúdico é considerado como prazeroso dado a capacidade que tem de absorver a criança de forma total e intensa. Sendo assim, o facto de a criança se envolver emocionalmente faz com que ela se envolva com um forte nível motivacional, tornado esta motivação de interesse intrínseco. De modo que quando as crianças estão presentes nas situações lúdicas estas desenvolvem esquemas mentais, ativando assim as funções psico-neurológicas e as operações mentais promovendo o pensamento.

“Em geral, o elemento que separa um jogo pedagógico de um outro de caráter apenas lúdico é este: desenvolve-se o jogo pedagógico com a intenção de provocar aprendizagem significativa, estimular a construção de novo conhecimento e principalmente despertar o desenvolvimento de uma habilidade operatória, ou seja, o desenvolvimento de uma aptidão ou capacidade cognitiva e apreciativa específica que possibilita a compreensão e a intervenção do indivíduo nos fenômenos sociais e culturais e que o ajude a construir conexões”. (NUNES, consultado em http://www.linguaestrangeira.pro.br/artigos_papers/ludico_linguas.htm).

Educadora Sara Paiva, Sala Loris Malaguzzi

quinta-feira, 17 de março de 2016

Novidades

O nosso blogue apresenta, a partir de hoje, um novo grafismo. Esteja atento aos conteúdos publicados e torne-se seguidor. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Tempo de Qualidade

Muitas vezes, torna-se complicado manter as crianças entretidas de forma ativa (que é o que precisam) mas sem desarrumarem toda a casa, fazerem birras de cansaço, etc... isto constituem por vezes preocupações dos pais. Ainda mais durante o tempo de chuva, em que passear à beira-mar ou no parque se torna impossível.
 
Existem no entanto atividades muito simples, que podem fazer em casa com o que tem na cozinha, fazendo as delícias dos mais pequenos, pela estimulação sensorial que lhes proporcionam e de que tanto necessitam nesta fase do desenvolvimento.
 
Lembre-se que em troca de bons momentos com o seu filho, é claro que depois terá muito que limpar, mas... as fotos compensam!
 
Então vamos começar por alguns "materiais" a ter sempre de reserva:

- Farinha simples (sem fermento);
- Corante alimentar;
Sal grosso e fino.
    
Pasta de farinha
A pasta de farinha que pode perfeitamente substituir a plasticina. Recorrendo a diferentes cores de corante alimentar (normalmente à venda no supermercado na zona dos bolos/festas).
 
- 3 copos de farinha;
- 1 copo de sal grosso;
- Corante alimentar.
 
Num recipiente coloque a farinha e o sal, acrescente o colante alimentar e vá adicionando a água até adquirir uma massa consistente para modelar (como se fosse para bolachas). Modele uma grande bola e dê pequenas porções à criança para manipular e moldar. Para já as forminhas são mais uma boa forma para o adulto brincar com a criança, por isso não se preocupe se o seu filho preferir dividir uma bola e pequenos pedacinhos e colocá-los numa grande linha, ou mesmo espalhados na mesa, pois ele estará a dar uma prova de inteligência, conseguiu perceber que pode dividir um todo em partes, e que estas podem ser dispostas no espaço de diferentes formas ocupando maior ou menor superfície. Amassar e enterrarem os dedos na massa também é natural e faz com que percebam como podem transformar os materiais, desenvolvendo a noção de que os seus movimentos/ações do corpo podem influenciar os materiais ou espaço em volta.
 
 
Atenção é normal sentirem-se os cristais do sal, e isto para além de cumprir uma função de conservar a pasta (3 dias no frigorífico) ajuda ainda na estimulação sensorial.
 
Neve artificial
Muito simples e conserva até 3 dias.
 
Numa bacia coloque 2 embalagens de sal fino e acrescente com muito cuidado água morna q.b., porque logo que comece a acrescentar água vai mesmo parecer neve. Esta massa não se meche, a própria água em contacto com o sal a transforma na consistência de que necessitamos.
 
 
Depois ao explorar tenha alguns cuidados porque esta "pasta" fica muito agarrada à pele e não é muito simples de limpar. Além disso, depois de seca fica como pequenos flocos que se espalham facilmente.
 
As crianças adoram mergulhar as mãos nesta neve, e trazê-las para cima, observando como  esta acumula em cima dos dedos!
 
Estas foram algumas sugestões de pequenos momentos sem televisão ou ida ao shopping, para passar com o seu filho durante as tardes de chuva.
 
Divirtam-se e partilhem as fotos!
 
Educadora Ana Rita Maia
 
Nota: as fotografias que ilustram este artigo, foram tiradas durante estas atividades na sala Lev Vygotsky entre setembro e janeiro do corrente ano letivo. 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Fez notícia em novembro!

 
Professora Maria Inês Porto
 

Locus

No passado dia 13, o colégio inaugurou a sua exposição "Locus", marcando a evolução de lugares e espaços educativos ao longo de 25 anos.

Dizem por aí que o lugar fazem-no as pessoas, mas a verdade é que há pessoas que sentem falta de lugares. Quando há quase 7 anos atrás entrei no Espinheira Rio, senti-me em casa! Era uma escola pequena, com uma harmonia doméstica que nos enchia de conforto, e que nem por isso deixava de ser uma escola, cheia de projetos e de vida, de propostas educativas que cada vez se tornaram mais fortes!

 Por cima do portão, um grande letreiro com um excerto de Fernando Pessoa "Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças".

 A entrada era já um hall de vidro, metade do que é hoje. Nele apresentava-se na altura uma consola de pés de mármore e tampo em vidro com 2 jarrões amarelos.  Para entrar, a mesma escada de pedra para a porta, na altura em madeira, que quando se abria fazia-nos entrar em casa, lembro-me de logo à direita ter um conjunto de quadros de moldura colorida com imagens de patinhos amarelos. E onde agora estão umas prateleiras em vidro, existia uma parede em tijolo de vidro onde estava encostada uma mesinha laranja em metal com duas cadeirinhas também laranja (fazia lembrar um mini-jardim) e era aí que estava o telefone porque nessa altura não havia secretaria. Subindo os 2 degraus à direita uma porta de correr dava acesso a uma sala de atividades desnivelada, ao canto  uma lareira (resquícios de antiga habitação). Mas se no hall de entrada, fossemos para a esquerda, tínhamos um quarto de banho de adultos e depois o das crianças, era muito diferente do que é hoje. A sala que aí existe em termos de estrutura não mudou muito, mas em vez daquela grande varanda que hoje dá para o jardim, tinha uma varanda mais pequena, com umas escadas de acesso ao jardim bem mais curtas do que são hoje, porque o jardim era um nível acima do que é hoje.
 
No piso inferior, o refeitório era apenas metade, onde hoje é o nosso vestiário era o escritório que servia também como secretaria, sala de professores e economato. A sala de estudo era logo ao lado entre o escritório e as escadas. A cozinha em termos de estrutura não mudou muito, mas havia uma porta com 2 degraus que comunicava com a sala que hoje tem vista para a horta. E essa sala era muito engraçada porque quando entravamos subiam-se uns degraus (ficávamos ao nível da horta) e tínhamos um hall com cabides, um canteiro com uma árvore e saída para o exterior. Mas se entrássemos para a sala encontrávamos uma sala tipo mezzanine, com chão em madeira e ao fundo uma porta de acesso ao jardim, também com escadas pois aí estávamos um nível abaixo do jardim (naquele tempo) com relva e árvores.
 
Agora vamos subir à creche, na altura era o último piso! Subíamos por uma escada de madeira, como em tantas casas, e que terminava numa porta em vidro. A copa não mudou muito, mas já lá não estão as cadeiras de madeira forradas com tecido ao xadrez branco e azul. Em frente das escadas ao entrar havia uma parede com um espelho, que utilizávamos como placar. O berçário era onde está hoje mas ao contrário, ou seja entravamos e não tinha a copa de leites, era um pequeno corredor que nos levava até uma sala em tons de amarelo, com uns cortinados brancos recolhidos ao lado. Lembro-me de um sofá que dividia a área de brincar da área de berços que era na altura no local onde é agora a área de berços da sala do lado. E a sala do lado era muito colorida, tinha uma parede azul, uma rosa e uma branca com umas ondas, e dessa sala uma porta de correr dava acesso  a outra sala, a sala de aquisição de marcha que se situava onde agora está a saída de emergência e a área de refeições e a atual Sala Montessori. Essa sala tinha uns estores brancos com bolas coloridas e era envidraçada para a circunvalação, tendo uma altura de parede que permitia aos bebés agarrarem-se e se segurarem, ganharem equilíbrio e começarem a andar. E foi dessa sala que comigo a Cláudia, a Ana Paula, a Paula Marques e a Carina acompanharam com algum entusiasmo e curiosidade o inico das obras. Lembro-me do dia em que chegou uma grua "xpto" que não podia começar os trabalhos porque estava mau tempo, e das escavações para se baixar o jardim... muitas crianças aprenderam a andar acompanhando de camarote as obras do exterior.
 
Reabrimos em agosto de 2009 já com o lado novo pronto, foi lá que iniciamos o ano letivo com apenas metade do edifício a funcionar, e em novembro pudemos ocupar definitivamente todo o edifício.
 
Penso que as pessoas fazem o lugar, mas por vezes o lugar também ajuda a fazer as pessoas, sinto alguma nostalgia dos tempos do colégio mais pequeno, pelo aconchego. Às vezes para recordar um bocadinho, e para que a memória não me deixe esquecer, vou ao Google Maps onde ainda é possível encontrar restos desse tempo de transição e de mudança.
 
 
Saudade,
Educadora Ana Rita Maia