quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Chegou a hora de tirar a fralda, e agora?

Para começar a educação dos esfíncteres, é fundamental que se reúnam uma série de condições. A primeira e imprescindível é a fisiológica, ou seja, os músculos dos esfíncteres (bexiga e ânus) devem estar suficientemente desenvolvidos, de forma a que possam fechar-se o necessário para reter a urina e as fezes. A segunda é a condição mental, isto é, a criança deve ser capaz de compreender o que pretendemos dela, e ser consciente do ato que desejamos que realize.

Estes fatores são comprováveis quando observamos que a criança:
- Mantém a fralda seca por longos períodos de tempo;
- Manifesta a vontade de evacuar.

De salientar, que não existe uma idade certa para deixar a fralda, variando de criança para criança, assim como uma duração (pode demorar uns dias ou até alguns meses). No entanto, todas estas competências estão, normalmente, adquiridas entre os 18 e os 36 meses.

Como começar?
- As crianças entre os 18 e os 36 meses gostam de ser reconhecidas como crescidas, e por isso imitam os adultos. Assim quando sentamos a criança no pote podemos sentar-nos na sanita, mostrando que é um processo natural;
- A primeira fase é conhecer o pote/sanita e habituar-se a sentar-se nele(a). Nas primeiras vezes, a criança não conseguirá fazer nada, mas com o tempo o cocó e o xixi surgirão. Quando isso acontecer, elogiar a criança e fazê-la sentir-se crescida é um grande passo para a maturação do processo;
- A segunda fase passa por dar à criança independência, responsabilidade e liberdade. Podemos começar a tirar a fralda, durante o dia, e ir lembrando se sente vontade de fazer xixi/cocó. Vesti-la com roupa prática (fácil de baixar) e deixar o pote ao seu alcance;
- Numa terceira fase, a criança já terá este processo bem amadurecido e poderemos retirar a fralda durante a sesta e depois durante a noite.

O que não fazer?
- Não devemos precipitar o processo. Se a criança ainda não fala do assunto, ou se não se queixa quando tem a fralda suja, é melhor esperar mais algum tempo;
- Não devemos deixar a criança muito tempo sentada no pote, pois queremos que este momento seja divertido e não maçador;
- Não devemos repreender a criança em caso de “acidente”. Uma boa conversa e explicação basta;
- Depois de começar não devemos facilitar e colocar a fralda só porque dá mais jeito. Todos os esforços são válidos para uma rápida adaptação.

Educadora Maria João Paiva, Sala Loris Malaguzzi

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Brincadeiras de lutas ou lutas de verdade?

As crianças em determinada idade, nomeadamente por volta dos 3/4 anos, fazem jogos de luta. As suas brincadeiras passam, exclusivamente, por jogos de polícia e ladrão. Utilizam objetos variados, transformando-os em pistolas, brincadeiras nas quais os adultos tendem a intervir por considera-las perigosas. Embora as crianças, normalmente, digam que é só a brincar e que não estão de maneira nenhuma zangadas, os adultos devem conversar sobre o assunto e alertá-las para os acidentes que podem surgir dessas brincadeiras. Durante estas interações, é normal que os adultos fiquem um pouco indecisos sobre a forma de agir, pois não sabem se estão a travar brincadeiras prazerosas para as crianças ou a alimentar violência entre elas permitindo-as. 

Com certeza que situações de conflito, com recurso a violência física, são um assunto sério, e precisam da intervenção do adulto para que se possam evitar acidentes. Deste modo mesmo quando estão a brincar o melhor é intervir e não deixar continuar para que não se torne num conflito grave. No dia-a-dia, aprendemos a observar e a conhecer as crianças, e conseguimos facilmente vê-las brincar e perceber os confrontos entre elas.

As crianças no tipo de brincadeira física preocupam-se mais com os meios do que com os fins e a brincadeira em si pode nem ter finalidade nenhuma. Pode ser simplesmente pela pura diversão de correr, saltar, pular e esta pode ser social como individual, estando relacionada com a disponibilidade motora e o envolvimento social da criança.

As brincadeiras de lutas estão mais associadas aos rapazes, que na hora de brincadeira livre têm sempre tendência para escolher atividades motoras. Por sua vez, as meninas têm preferência por atividades relacionadas com o desenho e com a imitação da vida do quotidiano. Desta forma, grupos em que a sua maioria são rapazes têm uma maior tendência para ser agitados e com brincadeiras físicas.

Educadora Carolina Lopes, Sala Jerome Bruner

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Explorar o Inverno

As crianças da Sala Ovide Decroly têm vindo a trabalhar o tema do "Inverno", através de histórias, poemas e imagens. Depois de conhecerem as suas características, fizeram um registo sobre esta estação do ano, como se pode ver no cartaz que se segue: 



Cada criança fez o seu boneco de neve, colocando à volta de um círculo bocados de algodão. No fim, com os dedos, decoraram a cara.


Durante a exploração deste tema, surgiu o interesse de conhecer os animais que vivem no gelo, por isso, decidimos procurar imagens em livros e construir um iceberg na sala, para colocar esses mesmos animais.



Aqui fica o registo fotográfico do nosso iceberg, com os animais que as crianças decidiram conhecer.



O primeiro animal que exploramos foi o urso polar (ver foto). 



Vamos continuar a explorar este tema, pesquisando animais como o pinguim, a foca e a coruja branca.


Educadora Joana Patrício, Sala Ovide Decroly

terça-feira, 19 de abril de 2016

E… Xeque-mate!!

Aproveitando a curiosidade de apenas uma criança introduzimos o xadrez na sala. A equipa pesquisou e procurou saber de que forma apresentar o xadrez ao grupo. O jogo foi abordado de uma forma lúdica e apresentada a outros do colégio através de um teatro que as crianças da Sala Paulo Freire prepararam.
  
 
Compreendemos neste momento que o xadrez é um jogo de estratégia de muita profundidade, que requer concentração e habilidade do jogador… Quanto mais cedo as crianças aprenderem, melhores e mais habilidosas se tornarão no xadrez.

 
O jogo para elas pode ter diferentes finalidades: diversão (como aconteceu na nossa sala), treino, competição, melhoria da concentração, memória e criatividade, complemento da educação e formação.

Posteriormente, passámos à explorações de cada peça: a sua importância, os seus movimentos.


Abordámos também algumas personagens importantes à medida que explorávamos as peças do jogo, como foi o caso do Cavalo de Tróia.
 
 
Com a construção das peças na sala, explorámos formas, volumes (pirâmides, paralelepípedos, esferas...) e ampliámos o espólio vocabular das crianças.


Quanto à capacidade intelectual, o xadrez pode ajudar as crianças a melhorar: a atenção, concentração e memória; o poder de análise, síntese e organização; a capacidade de resolução de problemas; a criatividade e a imaginação, tal como o raciocínio lógico-matemático.

O xadrez pode ainda ajudar as crianças a ter controlo emocional, promovendo situações em que tenham de lidar com êxitos e frustrações, ter sentido de transparência, sendo honestas e íntegras consigo mesmas e com os seus pares, adaptar-se a diversas e inesperadas situações, esforçar-se para conseguir o que se propõem, melhorarem a sua autoestima e confiança, ter iniciativa, ter empatia,  compreender o oponente durante o jogo e trabalhar em equipa e colaborar.

E claro, o objetivo final é aprender a jogar xadrez, aprender os movimentos importantes e quem sabe fazer xeque-mate!

Educadora Florbela Rios, Sala Paulo Freire

quinta-feira, 7 de abril de 2016

Controlo dos Esfíncteres

O controlo dos esfíncteres é fundamental que se reúnam uma série de condições, pois este demora algum tempo e requer paciência e bom senso, por parte dos adultos envolvidos no processo. Os pais e a equipa educativa têm um papel muito importante nesta fase e precisam de atuar em conjunto para identificar os sinais de maturidade das crianças para ajudá-las e orientá-las no uso do “pote” e/ou sanita. 

Quando se deve começar a habituar a criança ao “pote”?

A resposta não pode ser generalizada. O treino só deve ser iniciado quando a criança começa a ser capaz de ter micções abundantes e espaçadas, aparecendo com as fraldas secas durante algumas horas, com intervalos relativamente regulares.

A criança não deve ser obrigada a permanecer sentada no pote, sem entender porquê ou para quê, tendo a sensação que não corresponde às expectativas dos adultos. O treino não deve ser dramatizado, mas integrado na aprendizagem diária da criança, com tanta importância como aprender a vestir-se ou comer sozinha.


É importante motivar a criança e elogiá-la sempre que consegue fazer no pote a “chichi ou cocó”.

Sempre que acontece um “acidente” a roupa deve ser mudada, não ceda à tentação de ralhar, punir ou humilhar a criança, porque isso só irá fazer com que ela se sinta desvalorizada ou incapaz.

Deixar as fraldas não é só trabalho para as crianças, mas também para os pais, pois este processo é uma caminhada que não acontece de um dia para o outro, pois não é uma tarefa fácil para a criança e ela precisa de toda ajuda e compreensão.

Na prática:

- Leve o seu filho para a Creche com roupas práticas, para que ele próprio comece a ser capaz de se despir sozinho;
- Leve o seu filho com as cuecas vestidas por cima da fralda; - Se o seu filho se molhar tem que ter outra muda de roupa completa: camisola, body, calças, cuecas, meias (e sapatos);
- Para que o retirar das fraldas decorra o melhor possível, a instituição e os pais devem estar em sintonia. O diálogo com a equipa é essencial neste processo;
- Trata-se de um processo gradual, logo, será iniciado com um pequeno grupo de crianças. Conforme estas vão sendo capazes de controlar os esfíncteres, outras crianças serão introduzidas.
 
Educadora Joana Patrício, Sala Lev Vygotsky

terça-feira, 5 de abril de 2016

A Quinta

Na faixa etária dos 3 anos é muito comum os interesses e curiosidades andarem em redor dos animais, quer os existentes, assim como os que entraram em vias de extinção. Assim sendo, na Sala Friedrich Froebel, o tema do projeto que tem vindo a ser desenvolvido é a Quinta, os animais e os diversos espaços que a constituem.

Um projeto é um estudo em profundidade de um determinado tema que as crianças levam a cabo, podendo ser trabalhado em grupo ou individualmente.

Durante o tempo de trabalho nas áreas, as crianças que estavam na área dos jogos começaram a brincar com os animais da quinta e questionaram-se acerca de determinadas características que os animais possuíam.

Posteriormente, num momento em grande grupo, este tema foi partilhado, e voluntariamente todo o grupo se envolveu. Durante esta discussão o adulto foi incentivando as crianças acerca do tópico em questão. Desta forma surgiu o interesse neste projeto.

O nosso trabalho inicia-se com a procura de informação, utilizando vários meios, como a internet, vídeos, fotografias e os livros.
 
 
Iniciadas as pesquisas fomos fazendo pequenas descobertas e sempre partilhadas em grande grupo. Após estas descobertas, as crianças autonomamente mantiveram pequenas discussões, lançando teorias e essencialmente a mostrarem o que aprenderam através de desenhos e pinturas. Nesta altura as crianças demonstraram o interesse em construir os animais para os terem na sala.

Crianças – "Agora que já pesquisamos podíamos fazer os animais para termos na sala";
Adulto – “Gostavam de construir os animais para terem na sala?”;
Crianças – “Sim era boa ideia, nós gostávamos de fazer isso”.

Nesta fase é necessário que haja uma grande organização para que se saiba o como, quando e quem faz determinada tarefa, assim sendo “ organizam-se os dias, a semana; antecipam-se acontecimentos; inventariam-se recursos: a quem se pode recorrer, que documentos existem disponíveis.” (Ministério da Educação;1997)

Assim sendo inicia-se a construção em 3D do respetivo animal pesquisado, onde as crianças participam ativamente quer na construção, quer na decisão dos materiais a utilizar e nas cores que querem dar aos animais.



Esta metodologia de trabalho permite esquematizar e estruturar o trabalho através da rede para que haja um fio condutor durante todo o processo e faz da criança o agente principal da construção do conhecimento.

O interesse neste projeto está em constante evolução o que faz com que todas as fases sejam vividas várias vezes ao longo do mesmo.

O entusiasmo está presente todos os dias na nossa sala e novas ideias estão a surgir.

 
Educadora Maria João Paiva, Sala Friedrich Froebel

Os Legumes Nascem no Pingo Doce?

Durante uma brincadeira livre na área da casinha, um grupo de crianças representava uma ida ao supermercado onde, entre outras coisas, compravam alguns legumes. Aproveitando esta situação, sentados em roda, os alunos foram questionados sobre “de onde vêm os legumes?”. Grande parte referiu nomes de hipermercados. Para perceberem de onde vinham realmente e o que é preciso para crescerem os legumes foi contada a história do “Nabo gigante”, onde um casal de idosos faz uma pequena plantação demonstrando o que é necessário para as sementes germinarem.

Após a história, foram disponibilizadas diferentes imagens para o grupo organizar a cadeia de produção, resultado no seguinte esquema:
 
 
Com este registo o grupo percebeu que:

“Temos que pôr as sementes na terra para crescerem” - Santiago Almeida;
“Para as plantas crescerem é preciso chuva ou regar e a luz do Sol” – Bernardo Silva;
“O agricultor com as máquinas ou sozinho apanha as frutas e os legumes que comemos” - Diogo Ferreira;
“O agricultor põe os legumes no camião e vão para o supermercado” - Guido Gonçalves ;
“O pai e a mãe vão comprar as coisas, mas têm que dar dinheiro” – Gil Gonçalves.

Tendo em conta que as crianças “aprendem fazendo” cada uma plantou sementes num vaso diferente, um ovo.

1.º “fizemos os olhos, o nariz e a boca no ovo” – Duarte Barbosa;
2.º “pusemos terra dentro do ovo” – Gabriel Morais;
3.º “pusemos as sementes na terra para crescerem” – Pilar Silva;
4.º “pusemos outra vez terra para as sementes ficarem tapadas” – Francisco Carvalho;
5.º “os ovos vão para a janela para terem a luz do Sol” – Mariana Vieira;
6.º “temos de regar para as plantas não morrerem” – Martim Costa.

O resultado final:
 
 
Educador José Pedro Gonçalves, Sala Ovide Decroly