quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Foi notícia este mês

O Jornal de Parede constitui, no âmbito do Movimento da Escola Moderna, um valioso instrumento de pilotagem deste modelo pedagógico, assim como um ótimo veículo de divulgação das atividades realizadas na sala de aula ou em casa. Em termos históricos, Célestin Freinet, um dos expoentes máximos da chamada Escola Nova, qualificava este material como um recurso propiciador do desenvolvimento afetivo e crítico dos alunos. Atualmente, o Jornal de Parede permite, em contexto de Assembleia de Grupo, que as crianças apresentem as suas propostas, expliquem o seu ponto de vista nas discussões e façam ouvir os relatos das suas experiências individuais ou em grupo. A propósito da construção do Jornal de Parede, os professores podem desenvolver na prática o gosto pela escrita e pela leitura, aumentar os conhecimentos dos mais novos em determinadas áreas do saber, implementar o trabalho em parceria e estimular a criatividade e o sentido crítico.

No seguimento deste trabalho foi notícia na Sala de Estudo:
 
 
 

Professor José Castro

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Como estimular a linguagem da criança

Pesquisa revela que ações não-verbais podem ser tão importantes quanto uma conversa para melhorar esta aprendizagem
 
Quando é que o meu filho vai começar a falar? Qualquer pai e mãe faz essa pergunta e espera ansiosamente pela primeira palavra do bebé. Em média, as crianças começam a balbuciar com 1 ano. Os primeiros sons são mais sílabas do que palavras, como “mã” e “pa”. Mas não importa como acontece, este momento trará, de qualquer maneira, uma emoção enorme.

Para que a criança continue a desenvolver as suas habilidades com a linguagem, é preciso estimulá-la. A maneira mais natural de fazer isso é conversar com os bebés. No entanto, uma pesquisa realizada na Universidade de Chicago (EUA) provou que as ações não-verbais podem ser tão importantes quanto a conversa para melhorar esta aprendizagem. Por exemplo, o ato de apontar para um livro enquanto se diz “a mãe vai buscar um livro” facilita a memorização dessa palavra.

O estudo avaliou 50 bebés entre os 14 e 18 meses e recolheu vídeos enquanto eles interagiam com os pais. Uma das descobertas foi que o uso da fala associada a um contexto específico (dizer “livro” enquanto se está perto de uma estante) varia muito de um pai para o outro. Os filhos daqueles que falavam mais palavras relacionadas ao contexto ou aos objetos em questão apresentaram um vocabulário mais amplo três anos mais tarde. Segundo os pesquisadores, com pequenos ajustes nas conversas os pais podem dar um estímulo mais eficiente à fala das crianças.

De acordo com a fonoaudióloga Ana Maria Hernandez, coordenadora da equipa de fonoaudiologia do Hospital Santa Catarina (SP), falar dentro de um contexto e fazer gestos (como apontar para o objeto) pode favorecer a aprendizagem, pois é uma maneira do adulto apresentar o mundo à criança. No entanto, a fala também depende de vários outros fatores para se desenvolver. “Ela é uma expressão da linguagem e, como tal, resulta da integração entre diversos sistemas. A criança precisa estar com o sistema neurológico preservado, a parte motora e psicológica também”. Ou seja, até o carinho que se dá ao nosso filho pode fazer diferença no desenvolvimento da fala.

A seguir, apresentam-se algumas dicas que se podem adaptar sem muito trabalho ao seu quotidiano:

Descreva o mundo
O conceito pode parecer estranho, mas na prática é muito simples. Converse com o seu bebé sobre aquilo que o rodeia. Na hora de trocar a fralda, por exemplo, vá nomeando as suas acções: “vou limpar o teu rabinho, vamos colocar uma fralda limpinha e vais ficar cheiroso”. Durante um passeio no parque, apresente as árvores, a relva, os passarinhos. Apontar também é um ótimo recurso porque dá forma às palavras. A criança associa o som ao objeto e fica muito mais fácil decorar o nome dele.
 
Atenção ao tom de voz
Quando falamos, colocamos sempre uma entonação na nossa voz, que pode significar dor, alegria, tristeza... Não tenha medo de se expressar na frente do seu filho, porque isso vai o ajudar a descodificar as emoções.

Dê atenção e espaço ao bebé
Dedicar algum tempo à criança é importante para criar um ambiente emocional saudável e também para perceber o que ela tem a dizer, mesmo que não o faça com palavras. Dê espaço para a criança demonstrar os seus sentimentos e as suas vontades. Não precisa de ficar a falar ininterruptamente na frente do seu filho achando que assim ele vai começar a falar mais cedo. Dar espaço para o silêncio também é importante – ele também é uma forma de comunicação.
 
Cante sem medo de desafinar
Além de conversar, cantar para a criança é essencial. A sonorização, a rima e o ato de cantar transformam a fala em brincadeira, e isso comprovadamente ajuda o desenvolvimento da linguagem, do vocabulário e facilita o período de alfabetização. Outro ponto forte das músicas são os refrões porque a repetição prende a atenção das crianças. Permita que o seu filho conviva com diferentes sons e melodias. “Muita gente entra naquela discussão de direitos humanos, que ‘atirei o pau no gato’ passa uma mensagem de violência, mas nos primeiros anos para a criança o que importa é a sonoridade”, diz a pedagoga Eliana Santos, diretora pedagógica do Colégio Global (SP).
 
Leia histórias e poesias
As histórias, além do estímulo que representam à imaginação, aumentam o vocabulário e a curiosidade sobre a linguagem. Os poemas, assim como as músicas, têm ritmo e sonoridade bem acentuados. Comece com os textos de rimas diretas e, aos poucos, vá sofisticando. A leitura não pode ser mecânica. Coloque emoção e pontue cada frase.
 
Explore sinónimos
Quando o seu filho perguntar “Qual é o nome disso?”, não se contente em dar uma só resposta. Claro que nem todos os sinónimos ela vai memorizar imediatamente, mas no dia a dia procure variar a forma como você define as coisas. Eliana dá um exemplo divertido que usava na sua própria casa: “Eu falava para lavar as nádegas em vez de rabinho. Aos poucos, a criança vai enriquecendo seu vocabulário.”
 
Permita a convivência
Conviver com outras crianças é importante. “Quando uma criança convive com outra, ela observa muito e repete. Essa troca enriquece sua experiência”.

A criança aprende a brincar
É isso mesmo. Nada de transformar a aprendizagem da criança em algo mecânico. Se a criança se está a divertir e a fazer determinada atividade com prazer, ela aprende muito mais rápido. A dica aqui é: entre pela porta que ela abre para si. Ou seja, se ela se mostrar interessada por um livro específico, em vez de forçar a leitura de outro, ajude-a a explorá-lo. Se ela é tímida, não a obrigue a ficar no colo de todos os parentes da festa. E nada de desespero: já que se prestar um pouco de atenção, vai identificar a vontade do seu filho em determinado momento.
 
Educadora Renata Espinheira Rio

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Medos na Infância

Os medos fazem parte da natureza humana, são fruto do processo de desenvolvimento da criança e representam uma importante etapa de amadurecimento da mesma. São um fator positivo, e é dessa forma que devem ser encarados, apesar de as crianças, quando passam por esta fase, ainda não terem atingido um nível de maturação que lhes permita enfrentar esses medos de forma mais eficaz.
 
A principal tarefa dos pais/educadores consiste em ajudar os filhos/crianças a lidar com os seus próprios temores e o mais saudável é buscar o equilíbrio. Ou seja, a falta de medo expõe a criança ao risco e o excesso de medo faz com que a criança se feche. Encontrando o ponto de equilíbrio a criança aprende a dominar os seus temores e não ser dominada por eles.
 
A idade dos 2 anos (e até aos 6 anos) é marcada por esta fase dos medos, sendo normal a criança sentir medo do escuro, dos monstros, das personagens das histórias… Este facto deve-se à incapacidade que a criança tem de distinguir o real do imaginário, à sua perceção inocente dos acontecimentos, à sua imaginação que nesta idade é bastante fértil e atinge um maior grau de desenvolvimento e à sua pouca capacidade de discernimento dos factos. Estes quatro ingredientes juntos transformam a mínima coisa numa grande ameaça. Por exemplo, o simples facto de verem algo a ir pela sanita abaixo quando se puxa o autoclismo faz com que a criança deduza que o mesmo pode acontecer a qualquer um que se sente na sanita, daí o medo que algumas crianças sentem em irem à sanita.
 
Não devemos esquecer que a zona de conforto da criança nesta idade está ligada à ordem e à rotina. Tudo o que sai dessa rotina causa desconforto e estranheza, provocando alguns medos. No entanto é importante a criança se confrontar com eles para desenvolver defesas e a sua capacidade de ultrapassá-los sozinha.
 
Como lidar com o medo infantil?
 
Os medos infantis não devem ser minimizados. Devemos valorizá-los, tentar descobrir a sua origem e ajudar a criança a ultrapassá-los. Devemos dar atenção, questionar e estimular a criança a enfrentar o medo irreal, pois desta forma ela encontrará sozinha uma solução para as suas fantasias.
 
Brincar com os nossos filhos/crianças e entrar nas suas fantasias também é uma solução, pois as experiências lúdicas ajudam os mais pequenos a lidar com os seus anseios.
 
Utilizar bonecos e brinquedos nesta fase também é uma boa opção pois estes treinam as crianças para a vida e os mais pequenos costumam representar em brincadeiras o sentimento de medo, frente a uma situação real (por exemplo, o medo de ir ao médico ou ao hospital).
 
Usar ou oferecer um objeto à criança para que esta se sinta mais segura é uma maneira de lhe reduzir a ansiedade, pois ter algo familiar à mão permite-lhe desenvolver uma maior segurança para enfrentar os temores nas horas mais criticas, de dormir, de ausência da mãe…
 
Resumindo, o fundamental é avaliar a intensidade do medo e ficarmos atentos para o limite da normalidade, que é a rotina saudável de vida! 

Educadora Sandra Moreira

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Consciência Fonológica no Pré-escolar

"Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade."

FREIRE (1976, p. 21)

As investigações já realizadas sobre o tema das relações entre consciência fonológica e aquisição da linguagem escrita evidenciaram a importância dessa questão e suas implicações educacionais. Com efeito, é durante os anos pré-escolares e início da escolarização que as crianças aprendem a ler e escrever e desenvolvem a capacidade de prestar atenção à fala analisando-a em seus diversos segmentos, a saber, fonemas, sílabas e palavras.

A controvérsia entre os resultados das pesquisas parece dever-se, sobretudo, à complexidade do conceito de consciência fonológica, o qual abrange habilidades que vão desde a simples perceção global do tamanho das palavras e/ou de semelhanças fonológicas entre elas, até a efetiva segmentação e manipulação de sílabas e fonemas.

Na verdade, o desenvolvimento da consciência fonológica parece estar relacionado ao próprio desenvolvimento simbólico da criança, no sentido dela vir a atentar para o aspeto sonoro das palavras (significante) em detrimento do seu aspeto semântico (significado).

Com efeito, alguns estudos têm demonstrado que há um longo caminho a percorrer até que a criança perceba que a escrita não representa diretamente os significados, mas sim os significantes verbais a eles associados. E mesmo quando ela descobre essa relação entre escrita e fala, ainda há todo um processo de elaboração cognitiva no sentido de compreender como se dá essa relação, a saber, através da correspondência entre grafemas e fonemas.  

Assim sendo, o processo da tomada de consciência fonológica da criança passa por três fases:

1 - Consciência lexical, ou das palavras no contexto;
2 - Consciência silábica, em que a reflexão se centra nas sílabas;
3 - Consciência fonética, que implica a discriminação e manipulação de fonemas.

Trabalho muito na minha prática de iniciação à leitura e à escrita atividades de leitura de histórias, poemas, adivinhas, rodas de conversa sobre temas que as crianças gostam. Faço registo das conversas, temos na sala uma oficina de escrita, um dicionário de imagens, etc.

Para que as minhas crianças se desenvolvam cada vez melhor nesta área, deixo um exemplo de uma atividade realizada sobre a consciência lexical.

ATIVIDADE: “Contar Palavras”

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM: Atividade coletiva para realizar com todas as crianças.

DESENVOLVIMENTO: Construir um quadro e colar as palavras escritas em cartolinas de várias cores, de forma a construir uma frase. Depois distribuir a cada criança uma tira de cartolina com várias quadrículas ou casinhas, com linhas. A criança inventará uma frase com tantas palavras quantas as linhas ou cruzes tiver a sua tira de cartolina.
 
 
Educadora Renata Espinheira Rio