quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Os Contos Tradicionais na Literatura Infantil

A procura de algum significado para a vida, constitui um processo pessoal e subjetivo que se inicia bastante cedo. Independentemente das inúmeras opções que cada indivíduo possa tomar, existem temas que a todos pertencem. Os contos tradicionais são exemplo de uma herança cultural coletiva, focalizada nas vivências humanas. Mediante uma linguagem própria, recorrendo ao «maravilhoso», grandes emoções são experimentadas nestas histórias, onde estão simbolizados conflitos humanos universais. Nomeadamente conflitos comuns no pensamento da criança. Nesta perspetiva, os contos tradicionais são uma ferramenta fundamental na forma de lidar com os medos mais comuns da infância.

É comum num conto de fadas ser exposto um dilema de forma concisa e direta, o que permite à criança enfrentar o problema na sua forma mais essencial. Um enredo mais complexo poderia ser-lhe confuso. O conto atribui aos medos da criança, muitas vezes confusos e mal delimitados, uma representação precisa. Dá-lhes um nome e sugere uma maneira de lidar com eles. Os pais podem criar situações onde os medos dos filhos se insiram nas histórias de modo tão natural que quando a criança menos espera, já consegue trabalhar o seu medo de maneira independente, superando esta fase complexa com a ajuda das próprias personagens.

O bem e o mal estão presentes, mas ao serem representados simbolicamente (em personagens do maravilhoso) e afastados temporalmente (“Era uma vez…”; “Há muito, muito tempo…”), permitem que a criança encontre significados que lhe serão úteis, sem se traçar uma linha direta com as suas vivências reais.

O bom herói é largamente escolhido como figura de identificação, por se afigurar extremamente agradável à criança, em todas as suas lutas. O modo como o protagonista, frequentemente o mais pequeno, ou o mais novo, se desenvencilha dos obstáculos deparados, confere um sentimento de esperança na criança de que também ela, vencerá as suas piores ameaças. Quanto mais simples e direta é uma personagem, mais rapidamente a criança se identifica a ela e rejeita a má.
 
Deste modo, os benefícios trazidos pelos enredos das histórias tradicionais são significativos e merecem destaque. A literatura de expressão oral incita à criação de um palco imaginário, onde é possível integrar significados, encorajando ainda o ato criativo.

O “final feliz” que alguns adultos consideram irreal e falso, parece ser uma ótima contribuição que estes contos fornecem às crianças, encorajando-as a lutar por valores amadurecidos e a construir um sentimento positivo em relação à vida.

“E viveram felizes para sempre…”
 
Educadora Sandra Moreira

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Programa: "Férias Escolares"

Com o início das férias escolares, multiplicam-se as opções à disposição dos pais com vista a realização de atividades em família. A Fundação de Serralves, considerada um dos ícones da cultura em Portugal, organiza, durante este mês, mais um programa de férias escolares. Destinado a crianças e jovens dos 4 aos 12 anos de idade, esta iniciativa procura motivar aprendizagens que valorizem a curiosidade e a criatividade, tendo como ponto de partida o contato com a arte e a natureza. As oficinas têm um caráter lúdico e pretendem estimular a experimentação e a vivência em grupo. A entrada é gratuita!
 
Professor José Castro

Eventos em Família

Decorre desde o passado dia 30 de novembro e até ao próximo 8 de dezembro, o Mega Fun Day, no Pavilhão da EXPONOR, em Matosinhos. O Mega Fun Day é um evento de entretenimento dedicado aos mais novos, especialmente àqueles cujas idades estão compreendidas entre os 2 e os 16 anos de idade.
 
Este evento obedece ao conceito de “Festa em Família”e ocupa uma área total de cerca de 20 mil metros quadrados, contando para o efeito com três áreas de animação distintas: espaço infantil, zona divertida e spot radical.
 
Numa semana que promete fazer as delícias da pequenada, está ainda previsto outro mega evento destinado aos fãs de Lego. Cidades, comboios e esculturas construídas com as míticas peças coloridas merecem também uma visita. Na certeza que o brinquedo mais marcante do século XX e transversal a várias gerações, será marcante tanto para as crianças como para os adultos.
 
Professor José Castro

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Jogo Heurístico (brinquedos convencionais vs objetos que viram brinquedos)

Sabendo da importância do brincar na aquisição de competências surge um conjunto de outras questões:
 
- Será que devemos controlar as brincadeiras da criança, ou devemos deixá-la construir o seu caminho até à meta das competências?
 
- Será que devemos apenas facilitar brinquedos comuns, ou devemos também colocar à disposição da criança objetos que, apesar de terem outra função, viram brinquedos?
 
Estas duas questões têm na sua génese dois pontos de partida: ambas defendem que as crianças aprendem por meio da exploração e da descoberta, tal como defendem as várias teorias sobre o jogo/brincar Heurístico.
 
Mas afinal em que consiste o Jogo Heurístico?
 
Segundo o dicionário de Oxford é um “…sistema de educação sob o qual a [criança] é treinada a descobrir as coisas por si mesma…” (Elinor Goldschmied, 2004: 147). Por outras palavras, este método de aprendizagem pressupõe:
 
- Organização de um conjunto de materiais em que a sua função principal não é ser um brinquedo;
 
- A criança constrói o seu conhecimento explorando os objetos livremente;
 
- Um ambiente que apesar de ser controlado pelo adulto, não intervém durante o jogo.
 
Este jogo, ou brincadeira, é mais utilizado em grupos de crianças com dois anos, visto que têm uma grande motivação para explorar objetos e verificar as suas características. Para isso necessitam de uma vasta variedade de elementos que não se encontram em catálogos de brinquedos.
 
No que diz respeito à organização de materiais não há qualquer indicação que defina os materiais mais indicados a utilizar. A sua gestão depende da criatividade do adulto, do interesse do grupo e as suas características não põem em risco a criança.
 
Quanto ao papel do adulto, tem duas funções principais: antes do jogo, tem que recolher e organizar os materiais. Durante o jogo, apenas observa e faz registos por escrito, vídeo ou fotografia. Apenas intervém se houver uma situação mais crítica, como disputa de materiais ou outras situações que coloquem em perigo a criança.
 
Na Sala Loris Malaguzzi já foi desenvolvido um Jogo Heurístico com distintos instrumentos. Muitos destes instrumentos estavam repetidos. Durante a atividade as crianças exploraram as pandeiretas através do tato, verificando que algumas tinham a pele lisa e outras menos lisa. Verificaram ainda que as pandeiretas tinham tamanhos e características diferentes, visto que umas davam para empilhar porque eram do mesmo tamanho e tinham pele. E outras eram de tamanhos diferentes e não possuíam pele, por isso era possível colocá-las umas dentro das outras, e não empilhá-las. E muitas outras conclusões foram desenvolvidas, permitirando que a criança desenvolvesse competências na área do raciocínio lógico-matemático, conhecimento do mundo e formação pessoal e social.
 
Por defender que este género de atividades, uma vez que têm uma enorme importância nesta faixa etária, serão desenvolvidas mais atividades tendo como base este método. Também em casa os pais podem proporcionar estes momentos às crianças, com materiais que todos possuímos como modelos de tupperware, bacias, copos, caixas e muitos outros. Basta sermos criativos.
 
Bibliografia: Elinor Goldschmied, (2004) “Pessoas com menos de três: crianças pequenas em creches”, São Paulo     
 
Educador José Pedro Gonçalves

Animais de Estimação

Em determinada altura todos já quisemos um animal de estimação, e as nossas crianças ou a maioria delas também irão desejar em algum momento da sua vida uma companhia animal, mas nessa altura os pais bem que podem ficar felizes com a ideia, primeiro porque irão ter mais trabalho, mas essencialmente porque é muito positivo que as crianças tenham animais de estimação. Esta é uma relação que não só traz muitas alegrias como é um excelente apoio ao desenvolvimento das capacidades sociais e emocionais, Cuidar de um animal também ensina às crianças valores como a responsabilidade pelo bem-estar de terceiros. Saber que ele necessita de comida, água, exercício e companhia é meio caminho andado para transmitir o que é a compaixão e empatia, permitindo aos mais novos descobrirem o que significa ter alguém que confia neles. Ainda contrariamente ao que se poderia supor, a existência de animais em casa pode ajudar a combater o aparecimento de alergias. Os mais recentes desenvolvimentos científicos nesta área demonstram que os bebés que se relacionam com animais até aos 12 meses têm menos risco de doenças alérgicas, isto porque ao serem expostos a pelos e outros possíveis materiais alergénicos transmitidos pelos animais, os bebés desenvolvem respostas imunitárias que os protegem não só desses produtos como de muitos outros que se encontram no exterior. Por último, ter um animal de estimação é diversão garantida para toda a família. Os cães são ótimos companheiros para brincadeiras e exercício, os gatos têm atitudes que os tornam interessantes e até os movimentos dos peixes no aquário trazem animação visual e acalmam a hostes quando elas precisam, por exemplo, de ir para a cama. Vale ou não vale a pena fazer a vontade às crianças e adotar um novo amigo?
 
A nossa Maria Tavares da sala dos 5 anos ficou nos lugares do pódio no concurso do “Dia do Animal”, no qual crianças e pais apresentaram o seu animal de estimação e as suas características, a Maria apresentou-nos a sua coelha Bia e a tartaruga Rute através de fotografias e mais tarde presenteou todo o colégio com a presença da Bia, a coelhinha que fez as delícias de miúdos e graúdos.
 
 
Educadora Carolina Lopes

"Educação Expressiva" - Um Paradigma Educativo

Marcelli Ferraz, é coordenadora do livro Educação Expressiva, que surge no âmbito da educação e terapias expressivas, e que nos últimos tempos se tem assumido cada vez mais como um novo paradigma educativo. No entanto, e apesar de ser um modelo próprio para crianças, jovens e adultos com necessidades educativas especiais, poderá ser utilizado com qualquer criança e conciliado facilmente com outros modelos e metodologias, nomeadamente  com o currículo High-Scope. Este último, assenta na ideia chave de Jean Piaget da aprendizagem ativa, bem como nas definições de etapas de desenvolvimento, do mesmo autor, que nos permitem rapidamente relacioná-los e torná-los parte do nosso trabalho em creche.
 
A criança em creche encontra-se em plena fase sensório-motora, pelo que todo o trabalho que envolva o estímulo dos sentidos será um exercício para o cérebro e promotor do desenvolvimento de várias competências: motora, linguística, do raciocínio lógico e psicossocial.
 
Na creche, os movimentos de fitas suspensas, o som que estas provocam (visual e auditivo), bem como a exploração de digitinta ou pasta de farinha (tato, cheiro e paladar), permitem aos bebés e crianças mais pequenas experiências e contacto com capacidades expressivas precoces.
 
 
Por exemplo, numa atividade com pasta de farinha uma criança pode passar grande parte do tempo a amassá-la e enterrar a ponta do dedo, enquanto outra criança a divide consecutivamente em pequenos pedaços. Isto significa que enquanto a primeira explora mais a dimensão sensorial, a segunda foca-se numa dimensão mais cognitiva de compreensão do mundo e em como as coisas podem ter uma forma, serem manipuladas/alteradas e voltarem à forma original.
 
Segundo os autores, a educação expressiva vai ao encontro do estímulo das expressões humanas, principalmente das não verbais, integrando: toque, voz, dança, movimento, cheiro, som, cor, pintura, representação, imaginação, escuta, escrita, grito, riso, jogo, performance, simbolismo, modelagem, além do olhar, do sentir, do fazer, do experimentar (...) promove com facilidade a aprendizagem, trabalhando o “SER” integralmente, com todos os seus sentidos, possibilidades e formas de expressão (...)”
 
Educadora Ana Rita Maia

"Meio Quilo" de Receitas

Há pouco tempo em casa, vendo a minha planificação, perguntaram-me porque é que fazia atividades de culinária e se de facto elas (as crianças) participavam… Ora aqui está o mote para este artigo!
 
1.º - As atividades de culinária são pensadas e planeadas para que, por exemplo, crianças mais inibidas participem mais ativamente nas atividades dando oportunidade para que se coloquem questões sobre o que se está a fazer, sobre gostos e expressar opiniões durante o processo. Muda-se um pouco o ambiente e os instrumentos de aprendizagem e os ovos, a farinha, as cenouras e o açucar tornam-se atores principais.  Dividem-se tarefas e apela-se à responsabilidade de cada um durante a mesma.
 
 
É necessária organização e planificação do que se vai fazer e o que vai ser necessário. A atividade pode ensinar muitas coisas. Dependendo do prato escolhido, pode-se contar a história de uma região onde ele foi inventado. Ou curiosidades culinárias. A receita em si pode ensinar muita matématica: quantidades, números de colheres. Até química e física pode entrar no processo. Eles adoram misturar o pó mágico que faz crescer todos os bolos!
 
2.º - As crianças vão, gradualmente, assumindo um papel mais ativo na confeção da própria receita. Passa-se de observar para atuar mais intensamente: na nossa sala as crianças mexem a massa, introduzem os ingredientes contando-os, mais tarde, regista-se como se fez, recordando todo o processo! Quanto mais receitas fazemos, maior é a capacidade de prever quais os ingredientes que delas fazem parte! E… tal como o fermento faz crescer também a diversidade de experiências o fazem!
 
Educadora Florbela Rios