terça-feira, 22 de outubro de 2013

Evolução das Creches: Breve Revisão Histórica da Função de Guarda à Função Educativa

Corria o ano de 1770, quando J. Oberlein, pastor de uma comunidade na França, teve a ideia de criar um lactário para bebés latentes de famílias camponesas. Escoceses e ingleses que passaram pela localidade, compreendendo a importância destes centros, importaram a ideia para as zonas industriais do Reino Unido.

Passado pouco mais de meio século, em 1846 existia já em Paris um grupo de 14 creches associadas na “Sociedade das Creches”, sendo o objetivo máximo a guarda das crianças de famílias de trabalhadores. Entretanto, abriram também as primeiras creches privadas, bem como os lactários de ordens religiosas, nomeadamente os das Irmãs de São Vicente de Paulo.

Foi durante o século XIX que surgiram as primeiras creches públicas municipais.

No entanto, com as fracas condições materiais da época, bem como a inexistência de pessoal tecnicamente qualificado, associado ao nível socioeconómico bastante baixo das populações, alvo, proliferavam as epidemias que as afetavam, bem como os atrasos de desenvolvimento psicomotor, carências nutritivas e raquitismo constante.

Já no século XX, com os avanços da medicina, a colaboração entre as obras privadas e os serviços públicos, os orçamentos de incentivo à iniciativa privada, e a organização de algum controlo (legislativo) conduziram a alguma melhoria do funcionamento e atendimento nestes estabelecimentos.

(Antigas Creches da região parisiense)

Finalmente, nos três últimos decénios do século XX assistiu-se ao crescimento moderado das creches.

Os estudos do desenvolvimento cognitivo iriam mais tarde influenciar a visão das creches, de um local de guarda para um lugar onde se educa e contribui para a estruturação física e mental da criança. A forte influência da visão e estudos de Piaget, sobre as crianças como seres ativos em crescimento, com impulsos internos próprios e padrões de desenvolvimento, bem como sendo construtora do seu mundo, foram também fundamentais para esta mudança de paradigma. Influenciando diretamente, entre outras, a Abordagem High-Scope, como veremos num próximo artigo mais específico sobre metodologias em creche. 

Trabalhamos e acreditamos que a creche não será vista como um lactário, com uma simples função de guarda, mas antes como um lugar onde educamos conscientes do desenvolvimento de cada bebé e aquilo que devemos trabalhar com cada um nas várias áreas do desenvolvimento: afetivo, social, físico e cognitivo.
 
Educadora Ana Rita Maia


Fonte Bibliográfica:

“As Creches: Realização, Funcionamento, Vida e Saúde da Criança”  
 Francoise Davidson; Poulette Maguin

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