Corria
o ano de 1770, quando J. Oberlein, pastor de uma comunidade na França, teve a
ideia de criar um lactário para bebés latentes de famílias camponesas.
Escoceses e ingleses que passaram pela localidade, compreendendo a importância
destes centros, importaram a ideia para as zonas industriais do Reino Unido.
Passado
pouco mais de meio século, em 1846 existia já em Paris um grupo de 14 creches
associadas na “Sociedade das Creches”,
sendo o objetivo máximo a guarda das crianças de famílias de trabalhadores.
Entretanto, abriram também as primeiras creches privadas, bem como os lactários
de ordens religiosas, nomeadamente os das Irmãs de São Vicente de Paulo.
Foi
durante o século XIX que surgiram as primeiras creches públicas municipais.
No
entanto, com as fracas condições materiais da época, bem como a inexistência de
pessoal tecnicamente qualificado, associado ao nível socioeconómico bastante
baixo das populações, alvo, proliferavam as epidemias que as afetavam, bem como
os atrasos de desenvolvimento psicomotor, carências nutritivas e raquitismo
constante.
Já
no século XX, com os avanços da medicina, a colaboração entre as obras privadas
e os serviços públicos, os orçamentos de incentivo à iniciativa privada, e a
organização de algum controlo (legislativo) conduziram a alguma melhoria do funcionamento
e atendimento nestes estabelecimentos.
(Antigas Creches da região parisiense)
Finalmente,
nos três últimos decénios do século XX assistiu-se ao crescimento moderado das
creches.
Os
estudos do desenvolvimento cognitivo iriam mais tarde influenciar a visão das
creches, de um local de guarda para um lugar onde se educa e contribui para a
estruturação física e mental da criança. A forte influência da visão e estudos de
Piaget, sobre as crianças como seres ativos em crescimento, com impulsos
internos próprios e padrões de desenvolvimento, bem como sendo construtora do
seu mundo, foram também fundamentais para esta mudança de paradigma. Influenciando
diretamente, entre outras, a Abordagem
High-Scope, como veremos num próximo artigo mais específico sobre
metodologias em creche.
Trabalhamos
e acreditamos que a creche não será vista como um lactário, com uma simples
função de guarda, mas antes como um lugar onde educamos conscientes do
desenvolvimento de cada bebé e aquilo que devemos trabalhar com cada um nas
várias áreas do desenvolvimento: afetivo, social, físico e cognitivo.
Educadora Ana Rita Maia
Fonte
Bibliográfica:
“As Creches: Realização, Funcionamento, Vida e Saúde da
Criança”
Francoise Davidson; Poulette Maguin
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